Um esconde o que comprou para não ser criticado. O outro vive reclamando que o cônjuge gasta demais. Já viu esse filme antes? Não deixe o dinheiro destruir o seu relacionamento.
O dinheiro é o principal motivo das brigas nos casamentos, segundo 37,5% das mulheres ouvidas em uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
As DRs acontecem, principalmente, porque os casais discordam da forma como o outro gasta e porque falta dinheiro em casa.
Tarefas domésticas, ciúmes e forma de educar os filhos são motivos de brigas menos frequentes, segundo a pesquisa, que ouviu 810 mulheres de todo país.
Três em cada dez entrevistadas costumam esconder dos pares as compras que fazem, mas essa pode não ser a melhor forma de evitar brigas, segundo consultores.
“Falar sobre dinheiro não é muito romântico, mas o assunto precisa fazer parte da vida a dois”, aconselha a consultora financeira Evanilda Rocha, da Dinheiro Inteligente Consultoria & Coaching.
Muitos casais só conversam sobre dinheiro quando já chegou a hora de brigar, mas não é saudável deixar chegar a esse ponto.
Como o casal pode evitar as brigas por dinheiro
O diálogo precisa ser sempre transparente e a relação com dinheiro deve ser de construção da vida juntos, não de competição entre o casal, como ressalta a planejadora financeira Viviane Ferreira.
Se um é mais consumista, por exemplo, o casamento pode ser uma ótima oportunidade para aprender com o outro, desde que o cônjuge esteja aberto a ensinar, e não a apenas criticar. “Muitas pessoas melhoram sua vida financeira depois de casar ou começam a aprender juntas, o que é ótimo”, incentiva Viviane.
Divida os gastos em três: os de um, os de outro e os do casal
É normal e saudável que cada um do casal tenha seus gostos e valores e queira gastar dinheiro com interesses que, muitas vezes, não são compartilhados.
Por isso, não é saudável que absolutamente todo o dinheiro dos dois seja usado somente para pagar interesses comuns.
“O casal é um ser tridimensional. Há duas pessoas e mais uma terceira, formada pelos dois”, explica o coach financeiro Roberto Navarro, CEO do Instituto Coaching Financeiro.
Por isso, é importante organizar um orçamento conjunto com os gastos em comum com casa, carro e lazer, por exemplo, e com o planejamento para realizar os sonhos a dois, como uma viagem.
Quem tem salário maior deve arcar com a maior parte dos gastos do casal, proporcionalmente. Além disso, o dinheiro que sobra fica para cada um, com o seu orçamento individual.
“Os dois têm que estar 100% de acordo com os gastos da terceira pessoa, o casal, mas com espaço para os seus gastos individuais”, aconselha Roberto.
Dá para manter uma conta bancária conjunta ou contas separadas, desde que a decisão seja de comum acordo, como sugere Evanilda, da Dinheiro Inteligente Consultoria & Coaching. “O problema é ultrapassar o limite que foi combinado, não importa se a conta é conjunta ou separada”, esclarece.
Se um dos dois tiver filhos de outro relacionamento, é melhor ter contas separadas, já que eles são responsabilidade de um só e é melhor reservar o dinheiro da pensão.
Nos investimentos, o casal pode ter mais proteção de levar calote das instituições e reduzir o risco de perdas se diversificar as aplicações em CPFs diferentes.
Por outro lado, pode conseguir taxas de rendimento e de administração melhores se concentrar os investimentos em um CPF só, pois os bancos favorecem investidores com mais dinheiro.
Respeite as escolhas individuais tanto quanto as combinações conjuntas
O valor que cada um pode gastar sozinho é inquestionável, como garante Evanilda, da Dinheiro Inteligente Consultoria & Coaching. “Cada um pode fazer o que quiser com esse dinheiro e não tem que dar satisfação para o outro”, assegura.
A individualidade de cada um precisa ser respeitada assim como as combinações a dois, como lembra a consultora Denise Damiani, autora do livro Ganhar, Gastar e Investir: O Livro do Dinheiro para Mulheres.
É essencial lembrar que, se um dos cônjuges não tem renda própria por uma opção do casal, essas regras de divisão do dinheiro também valem.
Nesse caso, se alguém se responsabiliza por cuidar dos filhos e organizar a casa, por exemplo, também precisa ter o seu dinheiro separado. “A divisão de tarefas não é um favor, é um acordo que tem um custo, como se fosse um salário”, orienta Denise.
Todas as decisões financeiras que dizem respeito ao futuro do casal devem ser compartilhadas e não delegadas para apenas um cônjuge. “Assuma seu lugar, entenda sua vida financeira”, incentiva a consultora.
PS: Artigo originalmente publicado no site Exame.
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muito bom seu artigo